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Troca de Línguas Voltar

Troca de Línguas

Falar uma língua que não a nossa é mudar de personalidade, pensar por caminhos diferentes e encontrar outras perspectivas sobre o mundo. É um universo que se abre dentro da nossa boca, sons que não sabíamos que ela guardava. A troca de idiomas aconteceu constantemente. Durante o primeiro ano fomos trabalhando em muitas línguas, aprendendo curtas frases e palavras em português, hindi, nepalês, bangla. Experimentarmos a língua dos outros abre espaço para o ridículo, e essa vulnerabilidade é uma forma de encontro. No primeiro espectáculo houve a Floresta da Incompreensão, em que jovens da Índia (Meet Patel), Punjab (Gursanj Kaur e Arshpreet Kaur), China (Daniel Wang), Bangladesh (Syed Rahman) e Nepal (Sushant Adhikari), recebiam o público em cima de mesas de alvenaria dentro de um bosque, e davam curtas explicações sobre as suas línguas, pedindo ao público para repetir e escrever os caracteres em ardósias. A partir do segundo ano, as sessões concentraram-se na troca de línguas, com foco no português. No BOWING BACK cantámos em Nepalês, Punjabi, Bangla, trocámos frases e traduzimos textos para todos os idiomas presentes. Homens indianos falaram em português, crianças portuguesas cantaram em nepalês, todos encontrámos o estrangeiro dentro das nossas bocas. Houve incompreensões e conflitos. Falar uma língua que não é a nossa traz riscos, é penetrar um território desconhecido, mas quando se dá esse passo em direção ao outro sem hostilidade, irão receber-nos da mesma forma. Numa sessão com a artista Margarida Mestre, que criou o coral para o BOWING BACK, surgiu a expressão DENA - LENA, em Hindi (DAR e RECEBER). Fizemos das línguas, dessa forma, a nossa moeda de troca.

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Fotografias de: João Mariano - 1000 Olhos