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Elka Victorino

"Me chamo Elka Moura Victorino, sou brasileira, bailarina, coreógrafa e pesquisadora em dança performativa contemporânea. Atuo como profissional de educação física na Secretaria de Estado de Segurança Pública de Mato Grosso/Brasil, com aulas de dança para adolescentes em conflito com a lei e com ações em Saúde e Segurança para os servidores. No projeto BOWING atuei como bailarina e assistente de coreografia, por meio de um contato com a Madalena Victorino no Festival de Teatro Mindelact em Cabo Verde, África. A partir desse encontro me encantei pelos trabalhos da Madalena, pela forma de construção e apresentação das pesquisas e estreitamos o contato para minha ida a Portugal. A experiência no BOWING foi um mergulho no compartilhamento de culturas, crenças e ideias. Viver o projeto, sua construção, produção, pesquisas e diálogos me permitiu transitar pelos fazeres artísticos e do cotidiano de vários grupos, dentre os colonizadores e os colonizados, os vistos e os ocultos, os empoderados e os subordinados. Ao partilhar arte e vida com artistas e não-artistas, com crianças, jovens e adultos, com europeus e asiáticos, criei identificações com os processos vividos aqui no Brasil, os quais também revelam os costumes exploratórios, de desigualdades sociais e de não pertencimento. O reconhecimento dessas questões, decorrentes do choque proveniente das diversidades culturais, reforçou em mim o desejo de continuar refletindo, pesquisando e criando dança, dentro do contexto de arte política. Todos os momentos vividos foram fortes, cada um em diferentes aspectos, pois exigiram de mim capacidades e habilidades como resiliência, superação, aceitação, obediência, resignação. Os maiores desafios foram os enfrentamentos do ordinário e cotidiano, como por exemplo a dificuldade com os idiomas, comportamentos, hábitos alimentares e relacionais. Outro grande desafio foi a forma específica de conceber e executar a produção do projeto, como locomoção, organização de figurinos e artefatos cênicos, entre outros, realizada por uma equipe pequena, intensamente envolvida e num formato familiar. Viver o BOWING foi uma das experiências mais incríveis da minha vida enquanto artista, mulher, mãe e brasileira. Conhecer outras culturas, outras formas de criar e produzir espetáculos ampliou minha percepção sobre arte política e arte comunitária participativa."

Fotografias de: João Mariano - 1000 Olhos

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