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Daniela Cruz

"Eu sou a Daniela, uma criadora, bailarina, formadora de dança contemporânea e também dirijo vários projectos com comunidades. Sou uma pessoa curiosa e inquieta. A audição para o BOWING BACK foi a primeira que fiz em bastante tempo, porque os trabalhos vão surgindo e fluindo. Depois de um ano muito intenso, porque não ir para o campo durante seis semanas, conhecer e colaborar com pessoas novas e desconhecidas para mim? Foi uma decisão em família, tenho um filho de dois anos e meio que na altura nem dois anos tinha, e estar longe da mãe durante tanto tempo não era o que queríamos. O Duarte e o Tiago desceram comigo até ao Alentejo e foram ficando alguns períodos. A viagem foi muito bonita. Conheci pessoas honestas. Envolvi-me fortemente no projecto e ainda hoje sonho com ele, de vez em quando. Daqui a nada volto lá para matar saudades. Partilhámos momentos especiais dentro e fora dos ensaios, desde uma cerveja na esplanada com os meus colegas que se tornaram amigos, às viagens de carrinha com a Madalena, à comida óptima da mãe da Arshpreet, ao abraço colectivo no aniversário da Leonor, levantar a Inês do chão com o pulso partido, ensinar uma canção portuguesa ao Shoaib e cantarmos juntos, ensinar um pouco de português ao Prashant, vestir um sari, olhar nos olhos de todas aquelas pessoas. A memória ficou em mim. Ainda hoje canto Parka Parka Mayalu ao pequeno Duarte para ele adormecer. Com a distância só consigo pensar em coisas positivas mas lembro-me que foi duro, por vezes, com horários pesados, e trabalhar com comunidades é sempre muito exigente. Temos de ser inteiros quando estamos com as pessoas. O BOWING BACK não foi um trabalho, foi uma experiência de vida. Fica na minha colecção de coisas bonitas e marcantes que viveram em mim e comigo. Runda Runda Su ke Ken a ka, “Lágrimas secas de tanto chorar” é uma expressão que aprendi do nosso amigo Rajendra e que não vou esquecer."

Fotografias de: João Mariano - 1000 Olhos