"O meu nome é Arshpreet, sou do Punjab, Índia, e tenho 15 anos. Vivo em Portugal há cerca de três anos. Tenho dois irmãos e ando na escola em São Teotónio"
Arshpreet vive com a família no Brejão, numa casa tipicamente alentejana. Os pais trabalham em empresas agrícolas. Convida-nos sempre a entrar quando lhe damos boleia. A mãe tem petiscos e bebidas preparadas.
"Viemos para aqui para ter uma vida melhor, para trabalhar. Aqui há melhores condições."
Em criança, na Índia, Arshpreet trocava de roupa com a melhor amiga e construía novos conjuntos com os lenços da mãe. Sempre gostou de criar. Adorava brincar lá fora e conversar com pessoas mais velhas. Hoje em dia gosta de fotografia.
"Em Portugal sinto-me incrível. No entanto, às vezes na escola pode ser difícil com as pessoas Portuguesas, quando não nos tratam da mesma forma que tratam os outros. Sem ser isso, sinto-me bem. Agora tenho mais amigos portugueses e sabe bem estar aqui. Na escola falo português e em casa ajudo toda a gente com a língua. A minha mãe chama-me sempre e pergunta: 'O que é isto? O que é aquilo? O que significa?'”
Quando nos conhecemos, em 2021, era uma rapariga tímida e discreta. Estava no 7º ano da Escola de São Teotónio, na aula de PLNM (Português como Língua Não Materna).
"Lembro-me do primeiro dia, da vossa apresentação, de nos explicarem quem eram e o que era o projecto. Primeiro, achei uma seca."
Ao longo do tempo, Arshpreet foi ganhando entusiasmo pelo projeto e no primeiro espetáculo deu uma aula de Punjabi ao público, em cima de uma mesa de pedra na escuridão de um bosque.
"De repente senti que estava a mudar, que estava a ficar mais interessante. Quando começámos a conhecer mais pessoas, a misturar os grupos, a aprender novas danças, a escrever."
No segundo espetáculo, Arshpreet ensinou o alfabeto Punjabi, pedindo ao público que o repetisse com ela numa praça cheia de gente.