"Nos 3 anos participei de vários modos no BOWING. Primeiro, como colaborador da Cooperativa Cultural Lavrar o Mar, assisti ao nascimento e ao pensamento da Madalena Victorino sobre a necessidade deste território em acolher um projecto destes. Mais tarde como músico, a convite do André Duarte para o primeiro espectáculo, cheguei na recta final assumindo um duplo papel de músico e de técnico dado a complexidade logística do espectáculo. Depois estive como pai que levava as suas filhas para elas participarem no segundo espectáculo. Por isso posso dizer que fiquei ligado ao projecto do início ao fim e fico ainda muito envolvido pelos encontros que o BOWING proporcionou e pela sua diversidade. Conheci muitos dos participantes e criei uma relação verdadeira através do Lavrar o Mar, da música e da família, identificando-me e entregando-me. Lembro-me de conversas e partilhas de músicas durante os transportes de carro, lembro-me das minhas filhas perguntarem onde fica o Nepal porque têm amigas que são de lá ou voltarem de um ensaio com uma pulseira oferecida por pessoas do grupo, lembro-me de olhares quando eu tocava música indiana no saxofone e curiosidade pelo instrumento, de um público inteiro de olhos fechados a meditar , lembro-me de mudar o meu olhar sobre os vizinhos que saíam de madrugada e voltavam só de noite, lembro-me de o meu filho comentar que sentia imensa alegria nos grupos de adolescentes do BOWING e que não sentia a mesma felicidade nos amigos dele."