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Alegria

A Alegria é uma fonte. Uma força, uma energia que se propaga como a água, entra em todo o lado por onde pode deslizar, escorregar, seguir. Produz uma forma de comunicar entusiasmante, que acredita e que imagina ao mesmo tempo que pensa. É um estado que provoca a vontade de comunicar. É um estado que traz notícias consigo. Uma das nossas preocupações é saber como fazer acontecer o estado de ALEGRIA em todos os que vêm aos nossos laboratórios. Entendemos por ALEGRIA, neste contexto, não a permanente euforia cheia de gargalhadas, mas um estado interior de calor e bem estar que se vai trabalhando por dentro, dia após dia. Saber ir ao encontro dessa sensação que nos conforta e disponibiliza para o outro, para o que acontece em volta e para o que propomos como prática artística. O que é necessário é saber onde estão e quais serão as coisas, as pessoas, os lugares, as acções, os pensamentos, as memórias, os desejos que nos provocam ALEGRIA. Desta forma, saberemos como nos aproximar dessa experiência sempre que quisermos. A ALEGRIA interior pode ser comparada a um filtro que vai coando as tristezas, as tensões e o pessimismo para fora do sistema singular de cada um. Para isso, desenvolvemos ao longo destes dois anos zonas de prática para chegar a um enorme conforto, como é o caso da música ao vivo que, quando ecoa, esconde atrás dos espaços menos acolhedores uma sensação auditiva e de seguida tátil que produz disponibilidade para dançar, para pensar, para desenhar, para sorrir. Sentir-se bem vindo pela equipa BOWING é outro foco de trabalho sobre este estado de ALEGRIA, que é o sentimento de hospitalidade que cada pessoa sente ao chegar e durante os laboratórios. A sensação de que preparámos algo de propósito e especial para oferecer e fruir em conjunto são as surpresas que se vão sucedendo e que vamos experimentando, como uma dança de Bollywood, uma música das montanhas do Nepal ou um conjunto de fotografias de paisagens entre Oriente e Ocidente que nos plantam num território comum. A luz no corpo é uma qualidade humana à qual todas as pessoas poderão ter acesso. Basta fazer o exercício de saber onde estão as ALEGRIAS de cada um, que serão naturalmente diferentes de pessoa para pessoa. Os animais também desfrutam dessa qualidade. O prazer de partilhar, de se poder alongar num tapete de lã, de poder chegar e tocar um instrumento ou jogar pingpong numa mesa velha transportada de propósito para a sala onde estamos. Livros bonitos para folhear à medida que a música começa a tocar, pedir ajuda para a escrita das línguas de origem para fazerem parte de um momento do espectáculo. Começar a contar pequenas histórias que levam à descontração e à sensação de ter saído da realidade quotidiana, nem que seja somente por duas horas semanais. Vamos também buscar ALEGRIA ao escuro de nós. Está por baixo do nosso cabelo, dentro do nosso crânio, está no lugar das emoções, algures numa zona do cérebro que se corporiza em pensamento brilhante a fluir e a circular no corpo.