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Dar-se a ver

DAR-SE A VER é a tática da naturalidade. Ocupar o espaço público simplesmente ao estar na rua, debaixo das árvores, ao redor de fontes. Sem nos exibirmos e sem nos escondermos. A chegada de novos povos ao Alentejo que não têm medo ou vergonha de se mostrarem na rua, em pleno usufruto do espaço público. Ao longo do Projecto BOWING estivemos em parques, campos, praças, estradas: portugueses e migrantes a conversar, comer, dançar, tocar música. Havia quem olhasse para nós com espanto, desconforto, empatia, curiosidade. Ao longo do tempo, o que primeiro foi recebido com estranheza passou a ser parte do quotidiano de uma região com inúmeras culturas, em diálogo e encontro. 

Durante os espectáculos BOWING (2021) e BOWING BACK (2022), as ruas eram tomadas por centenas de pessoas, portugueses e migrantes lado a lado, ombro com ombro a caminhar e a entreolhar-se, público misturado com intérpretes. Ficou à vista de todos o fenómeno da migração em massa. Relativamente ao espectáculo de 2021, a Madalena dizia: Os participantes estão de uma maneira calma a usufruir de um momento artístico, não estão a trabalhar, não estão a correr para a camionete que os leva às estufas, estão simplesmente a caminhar pela vila e a dar-se a ver e a reconhecer-se este fenómeno: como São Teotónio é de facto, neste momento, muito Oriental.