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Pedro Salvador

“O meu nome é Pedro Salvador e sou músico, compositor e performer. Há vários anos que tenho vindo a explorar a composição e interpretação no contexto da dança e teatro, e a relação das artes performativas com a comunidade em diversos projectos de inclusão social. Grande parte deste trabalho tem sido feito pela mão da coreógrafa Madalena Victorino. É no contexto desta colaboração e parceria de longa data que o BOWING entra na minha vida. Primeiro como músico, no espectáculo BOWING (2021), e depois como coordenador, criador musical e formador no BOWING BACK (2022). A minha história com esta região começou em 2016, com o espectáculo Alteo-Bú (criação de Madalena Victorino e Pedro Salvador), que trabalhou a integração das comunidades nepalesa, búlgara e indiana que então habitavam São Teotónio e o Almograve. Passados cinco anos, quando aqui voltei, foi inevitável reviver as memórias que esse projecto deixou. Infelizmente o tempo de que dispunha era curto, não permitindo vivenciar toda a experiência de levantar este primeiro espectáculo BOWING. No entanto, foi este mesmo espectáculo que abriu a porta para o ano seguinte, onde colaborei desde Fevereiro até à apresentação do BOWING BACK, em Novembro. Desse processo destaco o trabalho realizado nas formações durante o primeiro semestre do ano, que conduziu a uma maior integração dos participantes, a nível artístico como a nível pessoal. De facto, esse trabalho permitiu levantar o BOWING BACK no espaço de seis semanas, tempo durante o qual vivemos a dissolução da estranheza entre mundos que não se conheciam. Na minha missão de coordenador e criador musical vi o trabalho enriquecer com a troca de ideias e experiências dos músicos que integraram o grande elenco, como também a generosidade e entusiasmo de tanta gente que connosco partilhou as músicas das suas culturas e que tanto contribuiu para a criação musical. Vêm-me à memória três adolescentes indianos, rappers, que timidamente se iam aproximando de nós. Tinham escrito uma música de hip-hop para nos mostrar. Diziam-me que não estavam descontraídos para rappar e que ainda não sentiam o beat que eu lançava para eles cantarem. Respondi-lhes que quando o resto da banda chegasse seria diferente. E assim aconteceu, mal ouviram a pujança da bateria, transformaram-se e a timidez que os acompanhava desapareceu. Correram para os músicos com enorme alegria, por poderem realizar o sonho de rappar em público pela primeira vez.”