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Política Prefigurativa

Este termo foi criado pelo cientista político Carl Boggs nos anos 70, para descrever os momentos em que, dentro de um movimento político, social ou artístico, se alcançam novas formas de relação, cultura e experiência humana que são o grande objectivo da vida em sociedade. Por outras palavras, são momentos dentro de um projecto onde a utopia se torna real e palpável, mesmo que temporariamente. No BOWING, ainda que não nos referíssemos a essa prática pelo termo ‘Política Prefigurativa’, chegávamos por vezes a novos modelos, alternativas à realidade presente em que se vislumbrava e sentia como, eventualmente, as comunidades de Odemira poderiam viver em conjunto. Em vez da acção que se opõe directamente aos modelos existentes, através de protestos e reclamações, fomos por outro caminho em que propusemos e incorporámos novas formas, vivendo e experienciando como a sociedade poderia vir a ser. Os protestos e as reivindicações são necessários, essenciais para a democracia, mas este projecto foi por um caminho de construção de um futuro possível, ainda que consciente e atento aos problemas presentes. Sabemos que os universos criados dentro das sessões não eram a realidade vigente, mas por vezes comportávamo-nos como se as questões do racismo, da integração e habitação já não tivessem relevância. Representávamos sem esforço uma realidade em que esses problemas simplesmente não existiam, o que nos permitia trazê-la para o presente por um tempo determinado (o tempo do ensaio, da sessão, do encontro), e dessa forma prefigurar o mundo em que queríamos viver, exercitando os músculos da esperança e da evolução humana.